PROFETAS E VIDENTES: O QUE A BÍBLIA ENSINA VERSUS A VISÃO MODERNA



Em 1 Samuel 9:9, encontramos uma nota explicativa que diz: "Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: Vinde, e vamos ao vidente; porque o profeta de hoje se chamava, então, vidente."  Esse versículo nos leva ao contexto da antiga Israel, onde os “videntes” — uma palavra para os profetas da época — eram homens escolhidos por Deus para receber visões e revelações que orientavam o povo. Com o tempo, o termo "vidente" foi substituído por "profeta", refletindo uma mudança na ênfase do ministério profético, que passou a focar mais na proclamação ativa da mensagem divina.

Na Bíblia, o termo "vidente" (hebraico: ro’eh) refere-se a uma função espiritual profundamente distinta dos "videntes" ou "médiuns" de hoje. Enquanto os videntes bíblicos eram profetas escolhidos por Deus, cuja visão vinha diretamente de revelações divinas para o benefício espiritual e moral do povo de Israel, os videntes modernos envolvem práticas de adivinhação e comunicação com forças ou espíritos. Abaixo estão algumas diferenças claras:

1. Fonte da Revelação

- Vidente bíblico: A revelação do vidente em Israel vinha diretamente de Deus. Eles recebiam instruções e visões de Deus, e sua função era comunicar a vontade divina de forma fiel e obediente. Profetas como Samuel buscavam a sabedoria e orientação de Deus para transmitir ao povo o que era justo e verdadeiro.
- Vidente moderno: Geralmente, os videntes de hoje (frequentemente chamados de médiuns, cartomantes, astrólogos) recorrem a práticas como leitura de cartas, astrologia, cristais ou contato com espíritos, o que não é considerado uma fonte de revelação divina nas Escrituras. Essas práticas são vistas, na Bíblia, como uma tentativa de acessar conhecimento ou poder espiritual de uma fonte diferente de Deus.

2. Propósito e Intenção

- Vidente bíblico: O propósito principal era o benefício do povo e a glorificação de Deus. O vidente transmitia correções, orientações ou conselhos espirituais que refletiam a vontade de Deus, muitas vezes chamando o povo ao arrependimento ou à adoração fiel.
- Vidente moderno: O foco frequentemente recai sobre questões pessoais e temporais, como questões de relacionamento, sucesso financeiro ou sorte. Esse tipo de adivinhação é voltado para o ganho pessoal, sem necessariamente buscar alinhamento com a vontade de Deus.

3. Orientação da Bíblia sobre a Prática

- Vidente bíblico: A prática dos videntes era aprovada e estabelecida por Deus. Profetas como Samuel, Isaías e Jeremias eram figuras respeitadas que ajudavam a guiar Israel espiritualmente.
- Vidente moderno: A Bíblia condena a adivinhação, necromancia, astrologia e práticas semelhantes, pois considera essas atividades como um desvio da confiança em Deus e uma busca por poder fora da soberania divina. Passagens como Deuteronômio 18:10-12 proíbem Israel de se envolver com práticas de adivinhação e invocação de espíritos, afirmando que Deus considera tais práticas uma abominação.

4. Posição Espiritual e Ética

- Vidente bíblico: Os profetas e videntes escolhidos por Deus buscavam uma vida de integridade, eram chamados a um compromisso espiritual rigoroso, e suas palavras eram julgadas segundo a verdade e fidelidade à Palavra de Deus. Eles frequentemente enfrentavam resistência e perseguição por proclamarem mensagens desafiadoras.
- Vidente moderno: A prática de vidência moderna é muitas vezes comercial e centrada no cliente. Além disso, a base espiritual é distinta da ética bíblica, pois não parte de uma submissão a Deus, mas de forças ou práticas espirituais exteriores ao entendimento cristão.

A principal diferença entre o "vidente" bíblico e o "vidente" moderno está na origem da autoridade espiritual e na intenção: enquanto os videntes bíblicos eram escolhidos por Deus para guiar e advertir o povo em fidelidade à Sua vontade, os videntes modernos recorrem a práticas espirituais e revelações que não são reconhecidas como provenientes de Deus na perspectiva cristã. A Bíblia incentiva a busca por orientação diretamente de Deus e, por isso, rejeita práticas de adivinhação que desviem dessa confiança total.

Existem várias passagens na Bíblia que condenam a prática de consultar espíritos e buscar orientação fora da vontade de Deus. Aqui estão mais alguns exemplos:

1 Crônicas 10:13-14: A história de Saul ilustra as consequências de buscar a orientação de um espírito em vez de confiar em Deus. A passagem diz: “Assim morreu Saul por causa da sua transgressão que cometeu contra o Senhor, por não haver guardado a palavra do Senhor e também por ter consultado um espírito familiar.” Este relato destaca a grave desobediência de Saul ao buscar orientação em fontes proibidas, em vez de se voltar para Deus.

Isaías 8:19-20: Neste versículo, o profeta Isaías adverte o povo sobre a consulta a espíritos e necromantes, questionando: “Quando eles vos disserem: Consultai os mortos e os espíritos familiares, não se devem consultar os mortos em favor dos vivos? À lei e ao testemunho! Se não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.”  Isso enfatiza que a verdadeira direção deve ser encontrada nas Escrituras e na revelação de Deus, e não em práticas ocultas.

Gálatas 5:19-21: Embora não mencione diretamente a consulta a espíritos, este texto lista as obras da carne, incluindo a feitiçaria, como práticas que se opõem ao fruto do Espírito. Isso implica que qualquer forma de buscar poder ou conhecimento fora de Deus é prejudicial e deve ser evitada.

Miquéias 5:12: Deus afirma: “E exterminarei as feiticeiras da tua mão; e não terás mais adivinhadores.” Essa promessa de Deus reflete Seu desejo de purificar Seu povo de práticas que O desonram e que se afastam da Sua verdade.

Essas passagens, juntamente com as anteriores, reforçam a ideia de que buscar orientação espiritual fora do relacionamento com Deus é perigoso e desastroso. A Bíblia nos chama a confiar exclusivamente em Deus e em Sua Palavra para obter direção e sabedoria em nossas vidas.

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