Ninfa: Viver em hospitalidade dinâmica é repartir-nos em dom


Jesus quebrou o tradicional molde judeu do primeiro século para as mulheres pela maneira como interagiu com elas em seu ministério. Depois de sua ressurreição, seus primeiros seguidores se mantiveram leais ao entendimento de que homens e mulheres são igualmente capazes de ser discípulos e contribuírem para a propagação do Evangelho.


As comunidades fundadas pelo apóstolo Paulo se reuniam nas casas do povo e eram chamadas de Igrejas Domésticas. Em quase todas as igrejas mencionadas nas cartas de Paulo, aparece o nome de uma mulher, em cuja casa a comunidade se reúnem: Na casa do casal Priscila e Áquila, tanto em Roma, como em Corinto; Na casa de Filêmon e Ápia; Na casa de Lídia em Filipos; Na casa de Filólogo e Julia; Nereu e sua irmã e de Olimpas. Assim, compreendendo um pouco a Palavra nas escrituras, podemos ver com outro olhar e perceber como a presença e a participação da mulher foram e continuam sendo fundamentais na vida das comunidades, da igreja e da sociedade.

Ninfa era uma cristã que habitava a região da Laodicéia, e apesar de sabermos pouco sobre sua vida, podemos tirar grandes lições da breve passagem em que foi citada.

Tradicionalmente concebida a partir dos significados ‘noiva‘ e ‘jovem em idade de se casar‘, Ninfa também admite algumas outras acepções plausíveis como ‘moça‘ ou ainda ‘mulher jovem‘, fazendo claras referências ao valor e ao vigor da juventude enquanto forma que demonstra a beleza do dom da vida. Trata-se de um nome que lida com as novidades trazidas pelo tempo e com todas graças próprias ao ato de viver, celebrando assim a oportunidade de poder adquirir diversas experiências e enobrecer a alma.

Na casa de Ninfa existia uma comunidade, uma igreja doméstica que ali se reunia. Pode-se concluir que Ninfa era uma espécie de líder de congregação, uma anfitriã hospitaleira.

O DOM DA HOSPITALIDADE

Ninfa foi uma acolhedora que hospedava cristãos em sua residência. Ela se propôs a ceder o seu ressinto em prol da obra missionária.

A palavra hospitalidade significa “ser amigável, recepção generosa e entretenimento de convidados, visitantes ou estranhos”. Os sinônimos são: recepção calorosa, dar boas-vindas, utilidade, vizinhança, calor, gentileza, congenialidade, generosidade, entretenimento, comida.

A hospitalidade é uma qualidade de quem é hospedeiro, a qual permite que o estrangeiro entre em sua casa e se sinta bem. É um dom do Espírito que faz com que a pessoa tenha as características de afetuosidade e generosidade.

O papel do hospedeiro numa reunião domiciliar – seja culto, grupo de oração ou célula – é de suma importância. Nós ouvimos muito sobre o líder, treinador e pastor, mas muito pouco sobre o anfitrião. Um anfitrião eficaz cria uma atmosfera acolhedora que atrai as pessoas de volta.

A hospitalidade  melhora quanto mais se usa. Ao ser hospitaleiros, podemos até hospedar anjos sem perceber: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.” Hebreus 13:2.

No entanto, atualmente, muitas pessoas são cismadas. Não temos o hábito de abrir a porta do nosso lar nem a janela de nosso carro para estranhos e isso nos acostumou a não abrir nossos corações para quem pensa e age diferente de nós. Nesse ponto cabe uma pergunta: sendo a hospitalidade uma manifestação de acolhimento ao outro, ela deveria ser realizada apenas por quem está acostumado a ajudar desconhecidos? Ou seja: a hospitalidade é um dom natural em algumas pessoas e deveria ser exercida apenas por estas?

Enquanto a arte da acolhida é facilmente exercida por alguns, pode ser bastante difícil para os outros. Nossas casas são uma extensão de nós mesmos. Quando praticamos a hospitalidade, estamos tendo a oportunidade de compartilhar a sacralidade de nossa intimidade e isto exige de nós, antes de tudo, coragem. Nenhum de nós há de negar que é mais fácil compartilhar a hospitalidade com a família e com os amigos que com estranhos. Todavia, a bíblia incentiva a todos essa prática.

Hoje em dia o individualismo e a desconfiança estão presentes em todos os lugares. Aprendemos a conviver apenas com aqueles que nos dão segurança e nos fazem sentir bem. Este, infelizmente, é o mundo que reproduz os legalismos do passado – da seleção, da exclusão, da separação. Quem conta e quem não conta neste mundo? Com quem vale e com quem não vale a pena conviver? Muita gente se torna forasteira e estrangeira em sua própria terra: Moradores das favelas, os sem-terra, indígenas, mulheres sozinhas, dependentes químicos, homossexuais, idosos, pobres, negros, desempregados, deficientes, pessoas que vivem diferentes formas de cultivar a fé, catadores de lixo, etc.

Para cultivarmos um coração bíblico hospitaleiro, devemos ter coragem e deixar de lado rejeições e rancores passados. Mais do que nunca, para sermos fiéis à vontade de Deus, nossas igrejas precisam ser não só comunidades de reunião, mas de acolhimento.

Jesus Cristo foi um árduo defensor da inclusão. A sua pregação e as suas atitudes apontam para isso. Ele andou com todo o tipo de gente, visitou os mais diferentes lugares, falou para todos os públicos, pregou a necessidade de incluir pessoas marginalizadas, como órfãos, estrangeiros, doentes, deficientes, mulheres e crianças. A igreja que segue Jesus deve ser inclusiva, hospitaleira.

Assim como Ninfa, que possamos “abrir as portas” para todo aquele que estiver disposto a fazer parte do Corpo de Cristo, sobretudo as portas do coração.

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