Rispa: Cada um sabe onde lhe aperta o sapato


Muitas mulheres pensam que sua posição social, sua riqueza, ou mesmo sua capacidade intelectual as colocam em um pedestal “intocável”, mas isto não é verdade. Todas nós estamos sujeitas às mudanças da vida. Todas nós somos vulneráveis às tempestades e aos açoites dos vendavais que podem surgir inesperadamente em alguma curva do caminho da vida. E é nessas horas que o caráter se revela e nosso interior torna-se exposto quando somos assoladas pelas provações, e quem sabe, pelas tragédias.

A história de Rispa é uma história muito triste. Mas embora não tenha tido um final que poderíamos chamar de ‘feliz’, foi um final de honra que ainda hoje nos traz ensinamentos. Um ato de bravura, um sentimento de humanidade e amor é mais do que suficiente para mostrar quanta grandeza pode haver numa mulher.


Rispa ficou conhecida na bíblia por causa de sua dedicação em proteger os corpos de seus filhos mortos. Ela era concubina do antigo rei, e com ele teve dois filhos. Seus filhos foram entregues para serem executados por causa dos pecados antes cometidos pelo pai de ambos, o rei Saul. A sentença final era de que seus cadáveres ficassem expostos ao ar livre. No entanto, assim que seus filhos foram enforcados, Rispa pegou um pano grosseiro e fez um abrigo sobre uma rocha próximo ao local onde estavam os corpos descobertos. Ela montou guarda diante dos despojos e impediu que eles fossem devorados pelas aves de rapina durante o dia e pelos animais do campo durante a noite, protegendo-o sem cessar até que eles pudessem ser sepultados. Ela foi incansável desde o início da colheita até o começo das chuvas de outono no hemisfério Norte, durante um período de quase seis meses.

Mediante isso, o atual rei ficou sabendo da dedicação de Rispa. Nesse ponto o texto bíblico dá a entender que ele mandou recolher os restos mortais de seus filhos, e tal como os ossos do antigo rei Saul que foram recuperados para um sepultamento digno, os ossos deles também foram. Eles finalmente foram velados junto a família real, com seus pai.

Para nós, isso pode não ter muito significado. Mas para Rispa, foi uma vitória pois era seu último feito como mãe: conseguir um destino honrado para os corpos de seus meninos. Talvez alguns a criticassem julgando-a como louca ou histérica, mas também é possível que sua atitude despertasse a compaixão e a solidariedade de outros. O fato é que aquela mulher continuou exercendo seu papel com zelo, cuidado, persistência e coragem.

A história de Rispa provoca e desafia nossa espiritualidade da confiança que passa pela perseverança, pelo protesto contra toda injustiça e pelo caminho da resistência.  Mesmo tomando uma atitude aparentemente insana e estranha, essa mulher nos deixa uma preciosa lição: cumprir o nosso papel, seja ele qual for, com cuidado e dedicação até o fim.

A perseverança de Rispa nos encoraja, em primeiro lugar, a não desistir diante das dificuldades, mesmo que nossa dor seja tão severa quanto a dor da morte de alguém que amamos. Por amor e por um desejo ardente de fazer o que era certo – naquele caso, dar um enterro digno aos filhos – ela suportou dias de sol e calor, noites de frio e escuridão, até que alguém com autoridade viu e honrou seu gesto, fazendo com que sua fidelidade fosse recompensada. Da mesma maneira, Deus deseja que sejamos fiéis ao que é certo e àqueles que amamos. Mesmo que venham dias difíceis, no final, Ele irá honrar nossa atitude.

Sendo assim... Como será que agiríamos estando no lugar de Rispa? Temos amado verdadeiramente e pagado o preço de oração? Onde e como estão nossos “filhos espirituais” agora? Podemos sentir a dor de quantas pessoas estão mortas em seus pecados e precisam receber a vida?

Aqui vão algumas lições que podemos aprender com Rispa:

- Todos têm o seu valor;

- Toda tarefa (missão) tem seu grau de importância;

- Cumpra seu papel, qualquer que seja ele, até o fim;

- Transforme sua dor em algo produtivo.

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