Sulamita: Quem espera sempre alcança


O casamento não é um simples contrato ou acordo formal sem amor ou afeto. Na verdade, o amor é a principal característica de um casamento cristão. Mas que tipo de amor é esse? Será que é o amor guiado por princípios bíblicos? Envolve afeição natural – o tipo de amor que existe na família? Refere-se ao afeto sincero entre verdadeiros amigos? Ou é o amor romântico? Na realidade, o verdadeiro amor entre marido e esposa inclui tudo isso. Para que a outra pessoa se sinta amada, o amor precisa ser demonstrado.

O livro da Bíblia que narra a história de Sulamita (Cântico dos Cânticos ou Cantares) canta o amor entre os esposos no seu frescor primaveril às suas infinitas variações – solidão, ausência, medo, abandono, presença, gozo, pertença, entre outros estados –, do encontro ao encanto, da sedução à contemplação, da distância à proximidade, da escuridão à luz. Trata-se de uma coletânea de pequenos poemas sensuais e põe em evidência que havia, no antigo Israel, uma cultura feminina de poesias baseada em uma tradição oral. No imaginário popular, a leitura do Cântico dos Cânticos está consagrada à alegoria. Esse tipo de leitura espiritualiza os poemas e interpreta a amada como sendo a Igreja e o amado como Cristo. Em oposição a essa corrente, temos a Leitura Literal, ou Natural, que entende que há no Cântico dos Cânticos poemas de amor humano.


O livro apresenta várias informações sobre a jovem Sulamita. Que ela pertencia à nobreza fica claro pela expressão “filha de príncipe”, a ela dirigida (7:1). Seu colar de pérolas, as substâncias aromáticas com as quais se perfuma e seus trajes requintados também atestam a sua realeza (4:9, 10; 5:3). Além disso, ela se imagina desfilando em um carruagem diante do seu povo, em uma espécie de cortejo real (6:12), algo inconcebível, não fosse a sua origem nobre. O texto também deixa claro que Sulamita foi vítima de intrigas criadas por seus irmãos, sendo obrigada por eles a cuidar de vinhas (1:6).

Diferente das moças de Jerusalém, que haviam crescido em condições confortáveis e sem problemas, esta jovem trabalhava como guarda de vinhas sob o sol escaldante. Mas ela sabia que sua beleza não era desqualificada pelo fato de ter vivido de modo mais rústico.

Quando o rei Salomão estabeleceu uma amizade com Sulamita, viu-se inesperadamente apaixonado por ela. Ele a cortejou por algum tempo, fez visitas periódicas à sua casa no campo e, finalmente, pediu-a em casamento com uma afeição que se elevava bem acima da atração física. Sulamita refletiu bastante a respeito de amar ou não Salomão e se ela seria capaz de ser feliz vivendo no palácio real, mas acabou aceitando.

Ao tomar-lhe a mão em casamento, ele levou-a consigo para Jerusalém, para o esplendor de sua corte. Lá, Sulamita enfrentou sessenta outras esposas e oitenta concubinas que já constituíam o harém. Foi naquele palácio que ela se sentiu diminuída, por causa de sua pele negra, “fora de moda”, enegrecida pelo sol, em razão de sua vida ao ar livre e das atividades a que seus irmãos a obrigaram. No entanto, em certo momento, Sulamita assume sua condição de mulher total, diante da pressão das judias para que saísse fora do relacionamento com Salomão: “Eu sou a Rosa de Saron, o lírio dos vales”, diz ela, numa tentativa de afirmação de sua beleza, de sua identidade, de sua cor, de seu estilo diferente de mulher, ante o ressentimento das rivais.

Além disso, apesar de toda perseguição, Salomão segue enfatizando que Sulamita é sua preferida, escolhida, a que detém os atributos mais atraentes e encantadores, a ponto de manter a chama do amor constantemente acesa. O amado da Sulamita é como refúgio em dias difíceis, é o Oásis verdejante e perfumado que a acolhe. Ele banha Sulamita, sacia a sede, purifica sua mente e alegra seu espírito com amor puro.

Nessa história de amor bíblico, esta mulher era amorosa e talvez a mais bela de todas as mulheres. Ela teve seus momentos de alegria por viver intensamente um amor tão lindo e apaixonado, e seus momentos de tristeza por estar, algumas vezes separada daquele seu tão grande amor.

Sulamita: Significa "a pacífica". Está relacionado com o hebraico shalon "paz", portanto significa "a pacífica". Salomão ou Shlomô (em hebraico:שלמה), deriva da palavra Shalom, que significa "paz" com significado de "Pacífico". Também chamado de Jedidias (em árabe سليمان Sulayman) pelo profeta Natã, nome que em hebraico significa "Amado de Jeová". Percebam que este casal é marcado inicialmente pela semelhança nominal: ambos se chamam "paz e pacíficos". E já pelas origens de cada nome, podemos argumentar se Sulamita de fato existiu ou se Cantares surge como uma declaração de amor perfeito idealizada por Salomão: um homem de paz a procura de uma mulher que o completasse.

Observando esta sua maneira de ser, de agir, podemos ver nela um amor romântico, um amor que quer agradar àquele a quem ela tanto ama. Podemos perceber que não é apenas um amor físico mas é muito mais do que isto... um compromisso para toda uma eternidade, um amor amadurecido, mais forte e mais profundo.

Ela foi sábia e esperou até encontrar um amor de verdade

Sulamita foi descrita como “um jardim trancado”, pois nem todos têm acesso a um jardim que tem o portão fechado. Ela foi como esse jardim porque seu amor estava reservado apenas para seu futuro marido. Por não ceder às tentativas do rei de conquistá-la, ela mostrou que era como uma "muralha", não como uma “porta” que é facilmente aberta. De modo similar, homens e mulheres que amam a Deus reservam seu amor e afeto apenas para o seu futuro cônjuge.

Ela não se deixou levar pela pressão de outros para se apaixonar pela primeira pessoa que aparecesse

Sulamita colocou as moças de Jerusalém sob juramento e disse: “Não tenteis despertar nem incitar em mim amor, até que este esteja disposto.” Por quê? Porque simplesmente não é apropriado iniciar um relacionamento romântico com qualquer um que apareça em seu caminho. Assim, um cristão que tem o desejo de se casar faz bem em esperar com paciência por alguém que possa amar de verdade.

Ela era humilde e comedida

A beleza dela era tanta a ponto de chamar a atenção de um rei que na época podia possuir muitas mulheres. Mas apesar disso, ela se encarava como “apenas um açafrão da planície costeira” – uma flor comum. Ela sabia seu valor, mas não se achava por isso. Era modesta. E pela sua postura não é de admirar que ela foi vista como um “lírio entre as plantas espinhosas”, ou seja, alguém fora do comum.

Com essa história de Sulamita podemos aprender que: Se você é solteira e quer se casar, procure alguém que realmente possa amar. Quando encontrar essa pessoa, esforcem-se juntos para tornar esse amor forte e impossível de apagar, conforme descrito nesse livro da Bíblia. Quer esteja procurando um cônjuge, quer já esteja casada, que você possa desfrutar do amor verdadeiro.

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