Safira: mentira tem perna curta


A mentira não é estranha ao nosso modo de viver na sociedade. Mente-se com muita facilidade e por qualquer razão. Infelizmente, há pessoas que já nem percebem que estão mentindo, tamanha aptidão e frequência com que costumam mentir. O engano tenta convencer a partir de uma realidade falsa com objetivos normalmente escusos.

Vemos em nosso tempo que muitas pessoas, inclusive dentro da própria igreja, fazendo de tudo para obter poder, reconhecimento e prestígio. Isso é muito perigoso! Na verdade, esse padrão de conduta não se encaixa nos princípios bíblicos.


Safira juntamente com seu marido Ananias faziam parte da igreja primitiva em Jerusalém. No início, muitos cristãos com mais posses vendiam suas propriedades e davam o dinheiro para sustentar a igreja. Por causa dessa generosidade, os membros mais pobres não passavam necessidade.

Um dia, Safira e seu marido decidiram vender uma propriedade que tinham e guardar uma parte do lucro. Com o consentimento da esposa, Ananias levou o resto do dinheiro a igreja mas fingiu que tinha dado tudo que tinha recebido. Porém, Deus revelou toda mentira ao apóstolo. Assim que ouviu a repreensão de Pedro, o marido de Safira caiu morto! Seu corpo foi retirado e logo sepultado. Três horas depois, Safira chegou, sem saber de nada. Pedro lhe perguntou se o dinheiro que tinham dado era o preço todo da propriedade e Safira respondeu que sim, concentindo com a mentira. Desse modo, Pedro repreendeu Safira por ter enganado a todos junto com seu marido e a informou que ele estava morto. Ele disse que as mesmas pessoas que tinham acabado de sepultar seu marido também a iriam sepultar, e nesse momento, Safira também caiu morta.

Por que Safira e seu marido receberam um castigo tão severo?

É interessante lembrar quão pura e unida era a comunidade dos primeiros cristãos. Eles eram sinceros, verdadeiros para com Deus e com o próximo, havia unidade entre eles. A igreja tinha uma grande liberalidade em suas contribuições, onde cada pessoa tinha a liberdade de usar seus bens para abençoar outros e faziam isso com muita tranquilidade para o bem da comunidade mais pobre e necessitada.

Percebemos que naquele tempo, não existia um padrão ou uma norma para contribuições financeiras. O que realmente contavam eram a generosidade e a voluntariedade. Tudo era compartilhado em comum, ninguém se sentia que era dono de coisa alguma.

Safira e seu marido tinham o livre arbítrio para escolher:

- Manter sua propriedade;
- Vender e doar tudo;
- Vender e não doar;
- Vender e doar parte do valor.

Não havia nada de errado em vender e doar apenas parte do valor da venda. Eles tinham o pleno direito de ficar com todos os valores da venda de sua propriedade, pois era deles ué! No entanto, a partir do momento em que decidem fazer algo para Deus, Deus requis um coração íntegro. Para Deus os fins não justificam os meios, ou seja, a oferta em si não é nada se não vier acompanhada de um testemunho verdadeiro e de fé. Para Deus, o que vale são as intenções do coração.

A mentira é uma violação dos princípios divinos, que em outras ocasiões, Deus pode até mostrar uma certa tolerância, mas que nesse caso em particular, o casal estaria manchando a igreja que estava em seu início e pós-nascedouro. 

A avareza e a hipocrisia marcaram a vida desse casal associada à vontade de manter uma falsa imagem de santidade.

Como comentamos acima, o problema não estava no valor em dinheiro simplesmente, o problema está na conduta de ambos perante o Espírito Santo, “o Deus que tudo vê e conhece”. Portanto, eles não pecaram por ficar com parte do dinheiro da venda de sua propriedade, mas sim por haverem mentido ao Espírito Santo e pensarem que há a possibilidade de esconder algo do Eterno e ao mesmo tempo manterem uma imagem “santa exteriormente” diante de todos.

A Bíblia não registra os apóstolos solicitando algo, muito menos induzindo ou impondo quantias. Por isso, o caso de Safira e Ananias está relacionado à falta de sinceridade no serviço cristão causado pela influência maligna por conta do espaço que cada um deu a Satanás em seu coração.

Atualmente, muitos pregadores (ou por ignorância ou com propósito enganador), têm distorcido a história desses dois. Utilizam o caso para extorquir dos seus adeptos grandes doações, ou até para defender a aplicação da lei do dízimo (que fazia parte da Lei dada aos israelitas por meio de Moisés) na igreja do Novo Testamento. Nem Atos 5, nem qualquer outra passagem que fala sobre o dinheiro na igreja de Jesus, apresenta a obrigação de dar o dízimo, uma porcentagem estipulada de 10%. E, enquanto o exemplo de Barnabé seja louvável, nenhum trecho obriga os cristãos a venderem e doarem todo o valor dos seus imóveis.

O pecado deles dois não estava no valor da sua doação – o apóstolo afirmou claramente que eles poderiam ter ficado com a propriedade e que tinham direito de decidir como usar o dinheiro proveniente da venda – mas sim na mentira.

Não podemos mentir! Somos testemunhas de Jesus, que é a expressão da luz e da verdade. Nele não há nenhuma “treva”, ou engano. Por isso, nenhuma manifestação da mentira deve ser encontrada nas áreas das nossas vidas. Isso porque cada um de nós, cristãos, somos membros do corpo de Cristo. Somos sal e luz.

O que é mais importante: manter a aparência de espiritualidade ou sermos realmente aquilo que Deus deseja de nós?

Cultivar só a aparência conduz à morte. Atualmente, pode até não ser morte física, mas com certeza morte para o crescimento espiritual, morte para sermos úteis na família de Deus e morte para um relacionamento melhor entre pessoas. Por outro lado, o Espírito de Deus pode usar a sinceridade para produzir em nós a vida de Cristo, e isso significa vida abundante, alegria constante e bênçãos sem medida.

Não se deixe levar pela mentira, como Safira foi. Estude constantemente a Palavra de Deus, em oração, e rogue ao Espírito Santo que abra seu entendimento para compreender a vontade de Deus.

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