Claudia: Ao bom e sincero amor está sempre junto o temor


Durante muito tempo a mulher era considerada um ser inferior ao homem. Não podia manifestar sua opinião, ocupar funções fora de seu lar, não tinha direito a voto e nem votar, por exemplo. Suas obrigações limitavam-se às atividades domésticas como cuidar da casa e dos filhos. E, em meio a esse contexto, Claudia Prócula viveu em uma época politicamente efervescente, onde o pensamento masculino ditava as regras. No entanto, Cláudia surge para fazer a diferença e posteriormente ser citada, ainda que sua palavra não tenha sido levada em conta a quem foi destinada. Mas essa mulher provou "que Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes", assim como diz em 1 Co 1:27. 


De vez em quando, pessoas comuns como você ou eu são colocadas diante de situações que podem ter repercussões muito grandes. Por exemplo, os tripulantes do avião que transportou a bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima não tinham a menor ideia da dimensão do que estavam fazendo, tanto foi assim que o piloto apelidou o avião de “Enola Gay”, nome da sua própria mãe, que acabou ficando tristemente famosa por causa disso.

Cláudia, esposa de Pôncio Pilatos, o Governador da Judeia que condenou Jesus à morte na cruz, passou por uma situação desse tipo. Cláudia vinha de família romana importante e foi o casamento com ela que abriu para Pilatos as portas para uma vida melhor. Ele subiu rapidamente no serviço público, culminando com a designação para governar a Judeia no tempo de Jesus.

Não temos muitos detalhes a respeito de sua vida, mas podemos observar, por suas atitudes, que ela possuía o temor do Senhor. Cláudia já presenciara tremendas maldades do governo de Roma em tantas condenações injustas e cruéis. E, tendo em vista isso, ela sabia que era necessário ao seu marido o uso de bom senso e um coração sensível, apesar da dureza inquestionável no cumprimento da lei romana pelo exército sob seu comando. Podemos supor que o motivo que levou Pilatos apenas mandar açoitar o prisioneiro Jesus, e soltá-lo logo em seguida, tenha sido por influência do conselho de sua esposa. Até o ato de "lavar as mãos", indicando considerar-se isento de responsabilidade sobre o destino dele. 

Pessoas que recebem revelações divinas através de sonhos na Bíblia encontramos várias. Entretanto, Claudia teve um sonho especial relatado pela bíblia. Confirma-se mais uma vez que os sonhos de Deus são importantes. Eles se cumprem e levam os homens a decisões sábias. Podemos imaginar que Claudia ajudou, influenciando seu marido, a ver que alguns sacerdotes judeus tinham motivos de inveja para condenar Jesus. 

Claudia era a única defensora no julgamento humano de Jesus. Seu papel parece pequeno, mas é uma indicação do valor da consciência humana em linha reta, bem como uma possível intervenção divina em seus sonhos. Sua consciência lhe fez ver a bondade de Jesus e da injustiça que lhe estava prestes a acontecer. 

Deus se revela a ela, possivelmente num sonho marcante, e lhe mostra que o "Rabi da Galiléia" era um homem justo. A alma dela angustiou-se ao pensar qual o destino dado a Jesus. Claudia mostrou ser uma mulher humilde e ágil em tomar decisões. Ela não se omitiu, e a bíblia relata o seu sonho de sofrimento com o "Justo Jesus de Nazaré".

Deus usou uma mulher fora do Seu povo, mas que aparentemente O temia. Ele lhe confiou uma revelação: A justiça de Jesus. Ela anunciou o que recebeu do Senhor. E quanto a nós? Temos anunciado o que temos recebido do Senhor? Temos falado de Cristo, mesmo em ambientes adversos? Ou temos "lavado as mãos" e nos omitido como Pilatos? Precisamos aprender com o exemplo da romana Claudia!

Muitas são as maneiras em que Deus chama. Às vezes, é a preocupação de consciência, outra leitura, ou dor, ou gozo, ou amigo, ou mesmo um sonho. O que é certo é que a alma sensível é bem disposto para captar o que Deus quer. Seu desempenho nos convida a ser sensíveis de consciência para cumprir as indicações divinas.

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