Phoebe: A necessidade é a mãe das invenções


Phoebe (ou Febe, como é mais conhecida) pode não ser tão famosa ou lembrada pela maioria dos estudantes da bíblia, mas, se tratando da sua época, bem lá no começo do cristianismo, ela foi uma mulher extremamente destacada. 

Phoebe viveu em um mundo completamente diferente do nosso. Naquela época a mulher apresentava convencionalmente uma postura bem diferente da mulher atual. Primeiro que na maioria dos lugares ela não poderia se auto-representar, precisaria de um marido ou parente para fazê-lo, segundo não poderia ter propriedades e não poderia manifestar-se em público, e em muitas sinagogas não poderia expressar-se. Esta não era regra geral para todos os lugares, mas valia em muitos deles. Alguém talvez chame isto de preconceito, mas, na realidade, isto se dava pelos costumes da época. Hoje vivemos em um mundo pós-moderno onde a mulher tem uma postura bem diferente. Para entender bem a grandeza de Phoebe é preciso olhar para a sua época e pensar o quanto ela teve que lutar e tudo o que ela teve que enfrentar para ser reconhecida na sua igreja.

Deve-se notar não só que esta mulher ocupava um ofício importante na congregação de Cencréia, mas que o termo diakonos é uma forma masculina, e não feminina. Ou seja, Phoebe era “diácono”, e não “diaconisa” (como algumas versões em português traduzem o termo). Isto quer dizer que, para ser reconhecida como tal, ela precisava de muitos atributos. É interessante esse destaque à mulher pelo fato da sociedade da época não sublinhar merecidamente os valores femininos. No entanto, Paulo tinha em alta consideração o trabalho que Phoebe exercia para Deus. 


A idéia aqui ao falar sobre Phoebe é demonstrar que ela havia ajudado e protegido a cristãos mais fracos, ensinando-os e provendo-lhes suas necessidades físicas. Também havia cuidado de enfermos e ajudado mulheres em seu trabalho na igreja. Tendo sido assim de grande ajuda para outros, ela se fazia merecedora da ajuda da igreja cristã inteira, em qualquer localidade onde se encontrasse em suas andanças. A palavra “patrocinadora” indica que Phoebe havia utilizado os seus recursos materiais, a fim de servir à igreja cristã que se esforçava por medrar em diversos localidades, sobretudo em sua localidade de Cencréia. 

Phoebe não ficava restrito à sua pequena igreja local, ela viajava para outras localidades a fim de encarar desafios maiores. O fato de ser uma mulher em uma época bastante difícil para as mulheres não a conteve. Quantos homens tinham a liberdade e poderiam ter feito o mesmo ou mais do que ela e não fez. 

Essa mulher superou os seus limites e encarou novos desafios. Sua posição desconfortante não limitou a sua ação.

O apóstolo Paulo nos impressiona quando diz que ‘Ela mesma tem sido de grande ajuda a muitos, incluindo a mim’. Phoebe foi uma mulher que marcou a sua geração com a sua disponibilidade em servir. Enquanto diácono da igreja de Cencréia, realizou um trabalho digno de receber destaque na Epístola aos Romanos. Ela colocou não somente a sua vida, mas seus bens no amparo àquele que tinham necessidades reais.

Phoebe foi uma mulher extraordinária, alguém que superou os seus limites, marcou o seu tempo e é, portanto, um grande exemplo para nossa geração. A sua disposição em romper com as barreiras de sua época nos deixa a lição de que nada pode nos deter quando decidimos avançar. Sua disposição em servir nos leva diretamente para os padrões morais de Jesus, nos remetendo de volta para os seus princípios de amor ao próximo. Suas obras evidenciavam o caráter de Cristo em sua vida e sua disposição em encarar novos desafios nos desafia a romper com aquilo que nos prende ao nosso mundinho tão pequeno e confortável.

Além do mais, Phoebe era uma mulher solteira, mas não se sentia só. A sua vida era tudo menos vazia. O senso de realização própria resultava da sua prontidão em servir. Dando-se aos outros, Phoebe mantinha à distância o espectro da solidão. Ela sabia que uma vida voltada para os outros atrai as pessoas, particularmente as que vivem sós, isoladas. O fato de se abrir às necessidades dos outros ajudava-a a encher e enriquecer a sua vida, tornando-a uma aventura interessante e variada.

Para Phoebe, servir não significava entregar-se a um trabalho inferior. Não se tratava de uma realização própria de segunda categoria. Era antes um grande privilégio.

Em um tempo em que as mulheres não tinham muita expressão, Phoebe é uma mulher que se destaca em sua geração, sendo, portanto digna de ser mencionada de maneira tão surpreendente. Ela marcou a história com o seu serviço em favor do outro. Phoebe nos ensina que quando cumprimos os princípios de Jesus, servindo ao próximo, não tem como este detalhe passar despercebido por Deus.

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