A Escrava: Há males que vêm para bem


É interessante como não é preciso muito para se fazer história. A gente sempre pensa em relevância, influencia e importância a partir de critérios como recurso, poder ou coisas do tipo. “Eu não sou ninguém, quem é que vai me ouvir? O que eu posso fazer?” É a ideia de que para ser, é preciso ter. Nós temos aprendido na Palavra que esta não é uma verdade, pelo menos do ponto de vista de Deus. A menina a qual falaremos hoje foi levada presa para ser escrava e não teve nem mesmo o seu nome mencionado, mas se tornou uma garota notória e inestimável.


A jovem judia era uma presa política escravizada em terra estrangeira. Isso implica a convivência com uma cultura diversa em uma posição social inferior sob trabalho forçado. Mas, apesar de carregar em seu corpo as marcas da violência estrutural e simbólica, ela se transformou em protagonista na promoção da paz e da vida. A palavra de esperança de uma menina que percebeu as situações ao redor e as sentiu conscientemente fez história. Nessa história compreendemos melhor que o conceito de liberdade não se restringe a lugar, mas ao modo de ser.

Essa menina foi levada para trabalhar na casa de uma pessoa leprosa, chamada Naamã. Ela percebeu a enfermidade e com certeza o drama familiar que se havia instaurado ali. O texto bíblico nos diz que a garota comentou com a sua senhora sobre a possibilidade do seu senhor entrar em contato com um profeta que estava em Samaria e, assim, ser curado. 

Ela teve atitudes que a diferenciaram de servos comuns que poderiam estar revoltados e tristes com a condição de pessoas que foram arrancadas do seu convívio familiar para estar em terras estranhas. Seria perfeitamente compreensível se ela se sentisse abatida ou até amargurada. Porém, suas atitudes demonstraram fé. E a prática dessa fé foi capaz de ultrapassar seus próprios sentimentos, fazendo ela ser memorável.

Os escravos que eram levados das invasões não costumavam fazerem-se aceitos nos locais onde trabalhavam, pois sempre viviam amargurados sem querer estar ali, o que acabava gerando uma barreira quanto ao estabelecimento de boas relações interpessoais na casa onde serviam. Mas, mesmo tendo motivos para odiar seu senhor – afinal, foi ele o general quem comandou o exército sírio contra sua nação – ela teve sensibilidade e compaixão diante da doença, não hesitando em falar que conhecia alguém que podia ajudá-lo. Além disso, ela não se manteve em silêncio, com timidez. Não pensou que era demasiado nova para ter alguma coisa importante a dizer. Não sentiu que a sua posição fosse baixa para poder ser ouvida.

Essa menina anônima não ficou revoltada com Deus por tê-la tirado do seio de sua família e permitido que ela fosse escrava num país pagão. Ao olhar para além de sua própria condição, ela pôde agir mais a frente da autocomiseração: não demonstrou dó de si mesma embora fosse escrava e tenha perdido sua identidade, seus sonhos, seu círculo de amigos e seu convívio familiar. 

Muitas vezes perdemos grandes oportunidades de sermos abençoadas e de também abençoar, pois ficamos a “lamber” nossas próprias feridas, com dó de nós mesmas e lamentando por causa de nossas dores, tristezas e desilusões.

Vivemos em um mundo em que muitas pessoas são egoístas e olham apenas para si mesmas e para suas próprias necessidades. No entanto, essa garota nos ensina a olhar além das próprias necessidades: Ela poderia não ter se importado com a saúde de seu senhor, mas se sensibilizou e indicou uma possível solução para a enfermidade que o abatia. E isso foi capaz de curá-lo. 

Com isso podemos tirar algumas lições:

- Deus está conosco em todos os lugares e em todas as situações, principalmente quando desfavoráveis;

- Não deixar a raiva e amargura por quem nos feriu nos aprisionar;

- Ter empatia não somente por quem nos faz o bem;

- Dar um basta na autocomiseração; 

- Ser ousada para ajudar.

Quando passamos por uma fase que parece um deserto, podemos perder muitas comodidades da vida. As coisas que nos davam conforto e prazer falham e temos de aprender a viver com menos... mas é então que descobrimos que muitas das coisas que achamos essenciais são desnecessárias. Vivendo com muito ou com pouco, o que é realmente essencial é estar com Deus. Somente Ele dá sentido para nossa vida e nos sustenta, sobretudo nos momentos mais difíceis. Quando centramos toda nossa vida em Jesus, encontramos paz e contentamento em todas as circunstâncias. Em tempos de dificuldades somos chamados a recuperar a esperança e nos manter firmes na fé. A confiança no Pai é de suma importância para superar qualquer fase. É ela que nos dá forças para fazer brotar a persistência necessárias para seguirmos em frente, germinando a certeza de que os planos divinos nos reservam um amanhã melhor.

Essa menina foi verdadeiramente empoderada por Deus para fazer o que fez. Ela foi sal e luz onde esteve. Ela entendeu o real significado de que é dando que se recebe

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